O sketch é uma coisa que obriga a fazer as coisas in situ, não é? Estar a ver, a observar. Exige observação.
Eu uso muita cor. Uma coisa não é só vermelha, uma coisa não é só verde verde. O amarelo não é só este amarelo amarelo, tem outro amarelo. Depois o jogar com as sombras, tem que se usar outros tons para depois fazer o sombreado.
Gosto, sobretudo, de desenhar ruínas. . Quem é que viveu aqui, como é que isto chegou a este estado, o que é que existia por trás desta casa ou à frente desta casa? E às vezes quase que misturamos um bocadinho aquilo que estamos a ver, com aquilo que estamos a projetar em termos de imaginário daquela casa.
Se eu estou a desenhar, eu estou a acrescentar conhecimento (...), do lugar e do espaço e da forma como as pessoas também ocupam os lugares. E isso é importante. Perceber como é que os elementos se constroem, como é que a sombra trabalha, como é que as pessoas se relacionam com os espaços...
O desenho é coisa mais antiga que eu me lembro de fazer. Na pré-primária adorava desenhar, tenho ainda hoje uma pasta cheia de desenhos. Depois, tinha uns 12 /13 anos, tive um professor de desenho que nos incentivou a desenhar na rua, foi quando comecei a tomar o gosto.
Eu acho que tenho mais tendência a desenhar o meio urbano. Alguma coisa que tenha a marca do homem, que se calhar é onde nos reconhecemos mais, não é?
Toda a gente vê e observa de maneira diferente a mesma coisa.
Não gosto de preencher a folha toda com o desenho, (...) estes espaços brancos também nos dizem qualquer coisa (...) espaços do silêncio, em que a gente tem que ouvir o silêncio e o silêncio também nos diz coisas. É aquela ideia do que está para lá ...
