CONTO JOCOSO

Boggs *1424 O Domingos Ovelha

A mulher do maioral

Mariana Bicho, 1938, Salvada

Registo de 2010, Salvada, Beja

Uma mulher tem o padre por amante e o seu marido de nada desconfia…

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A mulher do maioral - Carlos Augusto Ribeiro

Transcrição e inventariação

Comentário

"A mulher do maioral" enquadra-se dentro dos Contos Jocosos, concebidos para provocar o riso da audiência utilizando a crítica de costumes. Por vezes são confundidos com as anedotas, género tendencialmente muito mais breve e onde o que faz rir é a última frase.
Na presente versão há pelo menos três ocasiões em que se provoca o riso pelos apartes da narradora que comenta assim a sua apreciação negativa da mulher e o carácter simplório do protagonista.
Deste conto existe uma versão literária do séc. XVI, inscrita na “Farsa de Inês Pereira” de Gil Vicente.
Esta versão é representativa das versões portuguesas atuais, que não possuem muita variação. Apenas em 2 versões o padre é substituído pelo compadre da mulher adúltera. A história também não exige necessariamente uma tirada poética final, mas quando ela aparece, a mulher elenca as comidas, mordomias e filhos do padre no seu lar.
Em muitas versões surge a fórmula “corno torcido atrás da orelha” para rimar com “Domingos Ovelha” e também para revelar a sua condição de marido enganado. Aqui, a narradora embeleza a fórmula de um modo magistral: “… Chamar Domingos-Ovelha ao me’ marido?Chama Domingos-Cornêlha!Que dá três voltaspor detrás das orelhas!...”  

A mulher do maioral -Tânia Clímaco

Distribuição

Existe uma versão literária do séc. XVI, na peça teatral “Farsa de Inês Pereira” de Gil Vicente. Quanto a versões orais, encontraram-se até agora 39, espalhando-se por 14 distritos, com especial incidência no distrito de Faro, Vila Real e Porto. Não foram encontradas versões nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Viseu, Coimbra, Lisboa e na Ilha da Madeira. 
Há 13 versões na Galiza e provavelmente também noutros pontos da Espanha.  
Ao que se sabe não foram assinaladas versões deste conto fora da Península Ibérica.

Referências de Leite de Vasconcelos Contos e Lendas, primeiro volume (1963) e
segundo volume (1966) e o primeiro volume do Romanceiro (1958).

  “A Raposa e o Lobo” in Vasconcellos 1963, nº 27
“A Raposa Mariana” in Vasconcellos 1963, nº 28, Matela, Vimioso, Bragança
“Um Lobo e uma Raposa Matreira” Vasconcellos 1963, nº 29, Porto (J. de Oliveira)
“O Lobo e a Raposa” in Vasconcellos 1963, nº 30, Aveleda, Bragança