10 de setembro a 30 de novembro

LU.GAR.PAISAGEM

Horário: 14.30h - 18.00h (quinta a domingo); horários de visitas educativas a combinar.

Fórum das Associações
Travessa do Quebra Costas nº9
Torres Vedras

Os lugares revisitados pelos olhos dos pintores e desenhadores paisagistas.
Veja vídeos e textos clicando nas imagens

Ana Costa
Ana Ramos
André Baptista
António Bártolo
Bruno Vieira
Manuel Ferreira
Pedro Alves
Andarilhos de Desenho

Exposição multiplataforma (presencial e web) que se constitui como uma reflexão sobre a pintura e desenho dos lugares a partir de entrevistas a artistas residentes em Torres Vedras, intérpretes privilegiados do “espírito do lugar”. Quem são, em que lugares gostam de desenhar e pintar? Quando o fazem? Como sentem a interação da paisagem nas suas criações? Os pintores e os desenhadores paisagistas constituem uma rede de olhares singulares sobre os lugares que elegem para pintar. Hoje, a prática da pintura e desenho de paisagem, a pintura de exterior, assume-se como uma ferramenta de socialização através da arte.Os séculos XX e XXI são marcados por uma ausência de pintura de paisagem enquanto género e, concomitantemente, por uma apreciação autónoma da paisagem resultante de uma maior facilidade de acesso direto à natureza. A experiência moderna da paisagem não é regulada pela conceção vedutística da paisagem (i.e. redutora da paisagem a uma vista). A arte deixou de ser entendida como um espelho da natureza. Doravante, a representação específica de uma determinada paisagem pode constituir um ponto de partida (e não de chegada) profícuo para aquele que estiver disposto a conciliar as exigências decorrentes de se desenhar/pintar/operar o natural com as possibilidades abertas por toda a arte experimental atual.Nessa medida, importa então sustentar um olhar que vai e vem entre a paisagem e as marcas sobre a tela. Pintar/desenhar o natural no local implica ser-se fiel ao objeto observado, conforme a um processo constante de verificação, correção e análise do que pode ser visto e do modo como se altera ao longo do dia – processo pelo qual se pode descobrir formas e estruturas demasiado complexas e variadas para serem inventadas ou reconstruidas com base em recordações. Implica, por outro lado, consciente da independência das marcas da tela, estar-se atento ao processo de construção pictórica, numa avaliação cuidadosa da sua lógica e necessidades.Poderíamos pensar em David Hockney (e em outros) que, recentemente, regressa à pintura a partir da natureza, encantado com a inesgotável beleza do mundo visível. Inesgotável, porque só as imagens da natureza cansam.

Onde existe a paisagem?

Estamos distantes das condições que originalmente nos moldaram mas somos naturalmente atraídos pelos elementos dos lugares que para os nossos antepassados podem ter traçado a diferença entre a vida e a morte. Os topos das colinas, as vertentes de escarpas viradas para a água, os lugares onde podemos ver um máximo de área sem sermos vistos, zonas arborizadas.
“… Nós gostamos de árvores que apareçam em matas dispersas e apreciamos que as nossas árvores tenham copas amplas e baixas e troncos grossos, como as acácias que, por norma, se veem em África. As nossas preferências não parecem ter uma origem cultural… mas biológica".

«[…] um considerável corpo de investigação científica sugere que a exposição a qualquer tipo de imagística natural – até um belo quadro de paisagem […] - pode exercer efeitos benéficos sobre o nosso corpo e mente.» O apelo humano pelo mundo natural bem como o seu impacto (tangível e intangível) sobre a nossa vivência quotidiana explicar-se-ia pela estrutura matemática comum à natureza e ao cérebro humano: «[…] há algo na estrutura matemática profunda dos cenários da natureza que os nossos cérebros estão programados para procurar. […] a nossa atração por uma cena natural pode estar relacionada com as suas propriedades fractais.»

A Alma dos Lugares, Colin Ellard, 2019

URBAN SKETCHERS – andarilhos do desenho

O praticante de urban sketching escolhe, prioritariamente, as paisagens urbanas (e as cenas do quotidiano em ambientes citadinos) como objetos para desenhar, a partir de um ponto de vista determinado. Por pouco descritivo ou objetivo que seja, cada desenho enquanto registo pessoal do tempo e do espaço remete-nos para uma série de recordações: as sensações e perceções de um território físico, real, tangível, processadas mediante uma linguagem visual pessoal, a lembrança da situação do desenhador (encontros e experiências próprias) e a da circunstância do desenho (tempo preciso, fixado).

 

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Realização
Eva Ventura Ângelo, José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Texto
Carlos Augusto Ribeiro

Produção
Memória Imaterial CRL
Torres Vedras 2021/2022