Horário: 14.30h - 18.00h (quinta a domingo); horários de visitas educativas a combinar.
Exposição multiplataforma (presencial e web) que se constitui como uma reflexão sobre a pintura e desenho dos lugares a partir de entrevistas a artistas residentes em Torres Vedras, intérpretes privilegiados do “espírito do lugar”. Quem são, em que lugares gostam de desenhar e pintar? Quando o fazem? Como sentem a interação da paisagem nas suas criações? Os pintores e os desenhadores paisagistas constituem uma rede de olhares singulares sobre os lugares que elegem para pintar. Hoje, a prática da pintura e desenho de paisagem, a pintura de exterior, assume-se como uma ferramenta de socialização através da arte.Os séculos XX e XXI são marcados por uma ausência de pintura de paisagem enquanto género e, concomitantemente, por uma apreciação autónoma da paisagem resultante de uma maior facilidade de acesso direto à natureza. A experiência moderna da paisagem não é regulada pela conceção vedutística da paisagem (i.e. redutora da paisagem a uma vista). A arte deixou de ser entendida como um espelho da natureza. Doravante, a representação específica de uma determinada paisagem pode constituir um ponto de partida (e não de chegada) profícuo para aquele que estiver disposto a conciliar as exigências decorrentes de se desenhar/pintar/operar o natural com as possibilidades abertas por toda a arte experimental atual.Nessa medida, importa então sustentar um olhar que vai e vem entre a paisagem e as marcas sobre a tela. Pintar/desenhar o natural no local implica ser-se fiel ao objeto observado, conforme a um processo constante de verificação, correção e análise do que pode ser visto e do modo como se altera ao longo do dia – processo pelo qual se pode descobrir formas e estruturas demasiado complexas e variadas para serem inventadas ou reconstruidas com base em recordações. Implica, por outro lado, consciente da independência das marcas da tela, estar-se atento ao processo de construção pictórica, numa avaliação cuidadosa da sua lógica e necessidades.Poderíamos pensar em David Hockney (e em outros) que, recentemente, regressa à pintura a partir da natureza, encantado com a inesgotável beleza do mundo visível. Inesgotável, porque só as imagens da natureza cansam.
Realização
Eva Ventura Ângelo, José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Texto
Carlos Augusto Ribeiro
Produção
Memória Imaterial CRL
Torres Vedras 2021/2022