Pioneiro do movimento de novos narradores em Portugal, António Fontinha mantém um percurso profissional que alia a performance com a escuta e estudo da tradição oral. Tem uma infância desconectada do mundo dos contos tradicionais. Jovem, frequenta a escola de atores do então Conservatório Nacional, em Lisboa. Por acaso, durante um trabalho de animação cultural numa instituição de proteção de menores, as crianças pedem-lhe para contar uma história… e depois outra e outra… Na sua busca por reportório descobre as publicações com recolhas da tradição oral portuguesa e inicia o seu percurso como narrador baseado nesse corpus. Mais tarde, através de Isabel Cardigos, cruza-se com Manuel Ramalho – pastor de S. Vicente e Ventosa, Portalegre – o primeiro narrador tradicional que conhece. A partir desse momento inicia um trabalho constante de escuta, acompanhamento e pesquisa com narradores tradicionais que vai encontrando por todo o país. O seu percurso performativo é decisivamente influenciado por este trabalho de observação de narradores tradicionais. Os gestos, os silêncios, as inflexões de voz, o modo como constrói uma relação com o público em cada sessão, resultam de uma reconstrução a partir do corpus performativo tradicional, renovando a narração oral para além do conteúdo. É uma referência incontornável entre os novos narradores, sendo por eles citado como mentor, apoiante e inspirador de percursos e reportórios.