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POR HOJE É TUDO
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Persuadida a voltar ao redil, a gente
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Na circunstância de uma solidariedade autêntica, dialogante
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Cai água cai do tecto
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Por ser mau perdedor, o coelho
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De um mar de possibilidades só aqui
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Não é raro ficar-se a saber
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A verdade tem um preço
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Angústias: muitas e variadas
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A agravar um problema, uma solução
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As mesmas palavras, as mesmas fórmulas
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A terra inteira é o extenso quadro
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Devoram tudo tudo em redor
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É difícil apreciar a beleza
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Trair – várias vezes – e matar
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Sugado(a) até à última gota de sangue
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Capital: trabalho morto, apenas
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Pelo roubo, suborno e corrupção
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Sequela de guerras, misérias, lágrimas
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Qualquer busca de verdade lesa
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Em redor podemos ver só caos
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Ao destino e ao largo rio da vida
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Duas vezes silenciada
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Garantia do ladrão: Deus
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Vêm por terra e mar
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De fora. À parte. Vida suspensa
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Por hoje é tudo

O novo conjunto de 26 pinturas amplia uma série (intitulada: DITO ISTO,) em pequeno formato, iniciada em 2008. A dita série constitui o espólio de um fictício pintor, anónimo, de letreiros, anúncios, cartazes, placards, slogans e panfletos. O dito espólio (108 pinturas em pequeno formato) foi duplamente apresentado em 2017: numa exposição individual na Galeria Monumental (intitulada: Escavação) e num livro de artista (intitulado com o nome da série: DITO ISTO,). No âmbito de LU.GAR.OCULTO, em 2019, na instalação #4 Silêncio (intitulada: A Voz dos Vencidos), realizada no Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição, em Alenquer, foram apresentadas novas pinturas da série DITO ISTO, – respectivamente, 24 pinturas de pequeno formato e 4 pinturas em grande formato – juntamente com uma selecção de 40 pinturas da exposição Escavação. Descortesias, rascunhadas em papéis velhos, enviadas para si próprio pelo correio. Abandonadas em bancos de transportes públicos. Apelos mortos no vazio interior. Fileiras de letras na borda do prato de sopa. Um rastro de palavras. Pó de giz. De pé, à beira da água, M.B. (talvez: Monelle Butler) confidencia-me um pensamento. Dizer ‘não’ é, porventura, o único poder dos que não têm poder. Quem diz ‘não’ terá de pagar o preço da desobediência. Normalmente, considera-se um preço exorbitante. Por um tal passo decisivo, se reconhecerá – no pior dos cenários – como morto. Querer agir por livre vontade é demonstrar um orgulho desmesurado. E muito pior: um desprezo do mundo. Por muito compreensivo que seja quanto a direitos legítimos e razões alheias, quem escolhe (ou se sente constrangido a) dizer ‘sim’ terá pouca vontade de ver alterado o seu modo de vida – real ou imaginado. Quem diz ‘sim’ terá, quanto muito, o desprezado – e incalculado – preço do arrependimento. Poderá imaginar o dia em que dirá: «tudo o que é precioso nada valia»? A expectativa de um maior ganho ofusca a eventualidade de um impacto indesejado na sua vida. A cerveja na ponta do corno. Acredita-se no que nos beneficia acreditar. Por isso, com maior ou menor devoção, os adeptos do ‘sim’ farejam heterodoxias e devoram palavras de ordem. Envoltos por infinidades de todos os lados, atalha fulminante o nosso colóquio: «Por hoje é tudo». 

Carlos Augusto Ribeiro
Investigador / Artista Plástico

Descrição técnica das imagens

Conjunto de 26 pinturas em pequeno formato: grafite, aguarela e guache sobre papel Canson, 200g, grão fino. Dimensões: 24 x 32 cm.