IGR: 0006 Muerte del príncipe don Juan
Maria Clara, 1928 - 2018, Idanha-a-Nova
Registo de 2010, Idanha-a-Nova
Dom João está a morrer e sua mãe chama-lhe a atenção para que cumpra os seus deveres para com Dona Isabel, que a não deve deixar nem desonrada (solteira), nem desamparada monetariamente.
VoltarTristes novas- Carlos Augusto Ribeiro
O exemplo escolhido é um
Romance Histórico que demonstra a extraordinária longevidade da tradição oral.
De origem espanhola, não se conhecem versões impressas estando mesmo ausente da
publicação em folhetos de cordel, que eram o veículo privilegiado deste tipo
de composições poéticas. No entanto esta narrativa
sobreviveu até aos dias de hoje na sua forma oral, circulando na Península Ibérica.
Não era conhecida pelos investigadores até ser “descoberta” por acaso em
1900, durante a viagem de núpcias de Ramón Menéndez Pidal e María Goyri. O nome
da lavadeira de La Sequera, Burgos, que a cantava enquanto lavava no rio, não sobreviveu à história. Desde esse momento,
este romance tem sido uma das “jóias” dos investigadores deste género poético.
Não admira que tal tenha acontecido, pois a sua narrativa entronca num tema que
diz muito a Castela como nação: a morte, em 1497, do príncipe herdeiro da
coroa, que determinou o fim da dinastia dos Trastâmara.
Em Portugal, o romance
aparece na literatura oral já na nossa língua e com adaptações, tais como
mencionar expressamente que o evento narrado se passou em Espanha. Encontram-se
diversas versões no interior norte e centro do país.
O Romanceiro é um género
narrativo em verso com origens em Castela na Idade Média. É composto de um
número variável (por vezes grande) de versos longos, formados de dois hemistíquios
em redondilha, e que habitualmente têm sempre a mesma rima toante (no presente
caso em “a”). Por norma é cantado.
Como é sabido, apesar de se relacionar com
as baladas pan-europeias, o Romanceiro é um género etno-poético que só existe
na Península Ibérica. Por essa razão a sua dispersão fez-se sobretudo através
da emigração das populações ibéricas, nomeadamente para as Américas Central e
do Sul, e da diáspora sefardita. Estes judeus ibéricos fixaram-se junto de
populações mais tolerantes em termos religiosos, como Marrocos e Salónica, na
Grécia, onde mantiveram a sua língua de origem – o ladino – através dos tempos
até aos nossos dias, língua na qual cantavam ou recitavam a sua literatura
oral, incluindo o Romanceiro.
Tristes novas - Olga Neves
De acordo com o site Romanceiro.pt,
existem 142 versões deste romance na tradição oral portuguesa.
A sua dispersão
pelo território é muito desigual, existindo fundamentalmente no interior do
país: Trás-os-Montes, Beira Alta e Beira Baixa, com algumas versões no Alto
Alentejo.
O litoral atlântico, o sul do país e as Regiões Autónomas parecem não
conhecer este romance.
Vasconcellos 1958, 20-21 ,
Rebordainhos, Bragança
Vasconcellos 1958,
20, Rebordãos, Bragança
Vasconcellos 1958, 21-22, Gimonde,
Bragança.
Vasconcellos 1958, 23-24, Miranda do
Douro, Bragança.
Vasconcellos 1958, 22, Serapicos,
Vimioso, Bragança.
Vasconcellos 1958, 24-25, Lajeosa,
Celorico da Beira, Guarda.
Vasconcellos 1958, 25-26, Rapa, Celorico
da Beira, Guarda.
Vasconcellos 1958, 24, Mondim da Beira,
Tarouca, Viseu.
Vasconcellos 1958, 26, Tolosa, Nisa,
Portalegre.
Vasconcellos 1958, 27, origem
desconhecida.