Estamos em Torres Vedras, na
Praça 25 de abril, conhecida como Largo da Graça, outrora Largo de Santana,
onde havia uma ermida, junto a uma das portas medievais da cidade. As muralhas
já não existem e a ermida foi destruída durante as invasões francesas. Com o
liberalismo este espaço foi expropriado ao convento da Graça, o grande edifício
que fica no cimo do largo, passando a chamar-se Largo D. Carlos, em homenagem
ao então rei de Portugal.
Passado pouco tempo, em 1908, este foi assassinado, o
regime mudou dois anos mais tarde e a praça, também: passou a chamar-se Largo
da República. Mais tarde, tiraram o coreto para erguer o obelisco junto ao qual
nos encontramos, monumento comemorativo das Guerras Peninsulares, episódio da
história de Portugal em que Torres Vedras teve um papel decisivo. Finalmente, com
o 25 de abril, rebatizaram o largo, mas não tiraram o obelisco para pôr de
volta o coreto, o que é uma pena…
Você entretanto já se terá
perguntado acerca da minha pronúncia, que me identifica como estrangeiro.
Adoraria contar-lhe a minha história, caso aqui estivéssemos, mas infelizmente
este é um encontro imaginado, e não quero que se distraia mais do que o
inevitável. O que, sim, lhe quero contar, é algo da insólita história de Torres
Vedras, uma história em que você terá, por vezes, dificuldade em acreditar. E
faz bem, porque, confesso, é provável que não lhe diga sempre a verdade...
Mas,
atenção, porque muito do que lhe vou contar aconteceu realmente, mesmo que não
o pareça. Passa-se muito, que a verdade supere a imaginação, e a história de
Torres Vedras é prova disso.
Texto e performance: Luís Correia Carmelo.
Tradução: Sofia Maúl
Música e ambientes sonoros: Miguel Neto.
Instalação plástica pop-up: Carlos Augusto Ribeiro
Coordenação e web: José Barbieri
Multimédia: Rafael Del Rio
Produção: Memória Imaterial CRL
Projeto: LU.GAR.TERRITÓRIOS CULTURAIS
Público-alvo: todas as idades.