Mariana
nasceu e cresceu embalada pelo Guadiana, de moinho em moinho onde o pai moleiro
fazia a vida e por isso nunca foi à escola. Aprendeu tudo o que sabe de
escutar, de ver e de pensar.
Não tem pena de ter sido pobre - “ser pobre não é
defeito que ponha falta a ninguém”, mas tem pena de não saber ler.
Começou a
trabalhar no campo com 10 anos, ajudando na monda. Foi trabalhadora agrícola
até aos 70 anos.
“Eu
aprendia na monda com as pessoas mais velhas, que sabiam estas coisas. Estas
anedotas, versos, coisas que as mulheres falavam, como as orações. As mulheres
mais velhas, elas gostavam muito da gente. Puxavam as mais novas e diziam:
moças não digam isso; moças, não façam aquilo; moças não se diz! (…) e
ensinavam coisas à gente e a gente aprendia.”
Conhece
uma enorme variedade de romances, contos, canções e orações. Utiliza
quotidianamente formulas magico-religiosas que a ajudam a manter-se em harmonia
com as pessoas e a natureza.