Ana Ramos

O sketch é uma coisa que obriga a fazer as coisas in situ, não é? Estar a ver, a observar. Exige observação.
Eu uso muita cor. Uma coisa não é só vermelha, uma coisa não é só verde verde. O amarelo não é só este amarelo amarelo, tem outro amarelo. Depois o jogar com as sombras, tem que se usar outros tons para depois fazer o sombreado.
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O prazer de desenhar e pintar remonta à adolescência. Revela-se-lhe como um momento de libertação pessoal e transgressão a nível familiar, em relação às obrigações escolares e à rotina de estudo. A aprendizagem das técnicas de artes plásticas ocorreu, durante quatro anos, em escola privada (GRUA). Adere a todos os encontros dos Urban Sketchers. Confessa: «O difícil é começar» porque, depois, é-se levado a experimentar, «a ver o que os outros têm, onde eles fazem e como eles fazem». Com a frequência dos encontros, varia os suportes, e, devido ao gosto da cor – «sou muito da cor» – opta pela aguarela. Quando desenha ou pinta os céus, atende a todas as cores existentes: «os céus nunca são só azuis, têm azul e outras cores». O tempo disponível para desenhar reduziu-se com a sua participação na Direção de uma IPSS e com o envolvimento noutras atividades, assegurando aulas de pintura a senhoras idosas, em vários locais da Lourinhã. Desenha nos encontros de Urban Sketchers e, por vezes, faz aguarelas a partir de fotografia (retirada da internet ou tirada por si). Gosta de desenhar comida e moinhos. Tenta fazer o desenho o mais depressa possível, por querer acrescentar, dentro do tempo, a cor. Uma vez aplicada a cor, realça a caneta alguns pormenores finais. Os desenhos são exuberantemente coloridos, coadunando a aparências das coisas com inscrições e espaços não-preenchidos. Prefere o formato quadrado (até em cadernos feitos à mão), porque «gosta de pôr o céu no [topo do] desenho»; deixou de suprimir «pedaços da vida» (fios de eletricidade, postes, carros, e etc.), embora não o fazendo com muito à-vontade. Tenta superar-se. Usa papéis de cor, pois possibilitam maior rapidez e contrastes mais aliciantes. Quando se sente à vontade, divulga os desenhos que considera mais válidos em websites pessoais ou institucionais (Urban Sketchers Portugal e Oeste Sketchers). Acha interessante a partilha na internet e a oportunidade de ver os desenhos de uns e outros. Durante a pandemia tem participado em visitas virtuais (Plataforma Parati) e passeios virtuais, criados para manter os membros dos Urban Sketchers em atividade. Desde 2014, integra o colectivo Urban Sketchers.

Realização
Eva Ventura Ângelo, José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Texto
Carlos Augusto Ribeiro
Legendagem
Laura del Rio
Produção
Memória Imaterial CRL
Torres Vedras 2021/2022

outros olhares sobre a paisagem

desenhos: Ana Ramos

Os lugares revisitados pelos olhos dos pintores e desenhadores paisagistas.
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