André Baptista

Gosto, sobretudo, de desenhar ruínas. . Quem é que viveu aqui, como é que isto chegou a este estado, o que é que existia por trás desta casa ou à frente desta casa? E às vezes quase que misturamos um bocadinho aquilo que estamos a ver, com aquilo que estamos a projetar em termos de imaginário daquela casa.
Se eu estou a desenhar, eu estou a acrescentar conhecimento (...), do lugar e do espaço e da forma como as pessoas também ocupam os lugares. E isso é importante.  Perceber como é que os elementos se constroem, como é que a sombra trabalha, como é que as pessoas se relacionam com os espaços...
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Arquiteto, dedicado à reabilitação urbana. Desde há muito, reconhece e valoriza a dupla importância do desenho no desenvolvimento da sua atividade académica e profissional: quer como instrumento de observação especializada, análise e pesquisa do território – dotado de capacidade comunicacional e instrumental, quase ilimitada; quer como ferramenta de aproximação às pessoas. Por ser mais lento e menos invasivo do que a fotografia, o desenho possibilita uma relação mais profunda com os lugares, suscitando nas pessoas (observadas ou testemunhas) uma maior convivialidade e curiosidade.
Desenha em caderno, sem pretensão artística, para ver mais e melhor ou para reparar, metodicamente, naquilo que, de outro modo, se deixaria de ver. Nos seus registos, opta pela conjugação da linha e da mancha: umas vezes, principiando com borrões sugestivos e rematando com um desenho linear, depurado; outras vezes, iniciando com a linha desenhada e concluindo com manchas expressivas, portadoras de dramatismo e de contrastes de luz e sombra. Valoriza a espontaneidade e o poder de síntese de um desenho (retratando o essencial da situação espacial com o mínimo de elementos).
O compromisso com o desenho levou-o a organizar vários encontros, dinamizadores do centro histórico e do Concelho. O sucesso de Arte ao Centro (2014) – para o qual convidara entre outros, um dos fundadores de Urban Sketchers de Portugal, Eduardo Salavisa (1950-2020) – foi crucial para a organização de posteriores iniciativas em torno do desenho, da aguarela e do óleo. Nomeadamente, os projetos: Maratonas de Desenho (realizadas na cidade e no Concelho) e 10 Artistas / 10 Montras (consistindo na transposição de desenhos do caderno, sem restrição temática, para montras de lojas comerciais do centro histórico).
Os encontros de Desenho reforçam o sentimento de coesão da comunidade de artistas locais, atraem participantes com diferentes profissões e formações (médias e superiores) e fazem crescer a sua audiência, nacional e estrangeira. Por causa da COVID-19, suspendeu os ditos encontros. Todavia, organiza caminhadas para desenhar o património rural.
Cria desdobráveis (para encontros de um dia) por serem de mais fácil exposição e envio por correio.
Desde 2009, integra a comunidade Urban Sketchers (nacional e internacional).

Realização
Eva Ventura Ângelo, José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Texto
Carlos Augusto Ribeiro
Legendagem
Laura del Rio
Produção
Memória Imaterial CRL
Torres Vedras 2021/2022

outros olhares sobre a paisagem

desenhos: André Baptista

Os lugares revisitados pelos olhos dos pintores e desenhadores paisagistas.
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