Arquiteto,
dedicado à reabilitação urbana. Desde há muito, reconhece e valoriza a dupla
importância do desenho no desenvolvimento da sua atividade académica e
profissional: quer como instrumento de observação especializada, análise e
pesquisa do território – dotado de capacidade comunicacional e instrumental,
quase ilimitada; quer como ferramenta de aproximação às pessoas. Por ser mais
lento e menos invasivo do que a fotografia, o desenho possibilita uma relação
mais profunda com os lugares, suscitando nas pessoas (observadas ou
testemunhas) uma maior convivialidade e curiosidade.
Desenha
em caderno, sem pretensão artística, para ver mais e melhor ou para reparar,
metodicamente, naquilo que, de outro modo, se deixaria de ver. Nos seus
registos, opta pela conjugação da linha e da mancha: umas vezes, principiando
com borrões sugestivos e rematando com um desenho linear, depurado; outras
vezes, iniciando com a linha desenhada e concluindo com manchas expressivas,
portadoras de dramatismo e de contrastes de luz e sombra. Valoriza a
espontaneidade e o poder de síntese de um desenho (retratando o essencial da
situação espacial com o mínimo de elementos).
O
compromisso com o desenho levou-o a organizar vários encontros, dinamizadores
do centro histórico e do Concelho. O sucesso de Arte ao Centro (2014) –
para o qual convidara entre outros, um dos fundadores de Urban Sketchers de
Portugal, Eduardo Salavisa (1950-2020) – foi crucial para a organização de
posteriores iniciativas em torno do desenho, da aguarela e do óleo. Nomeadamente,
os projetos: Maratonas de Desenho (realizadas na cidade e no Concelho) e 10 Artistas / 10 Montras (consistindo
na transposição de desenhos do caderno, sem restrição temática, para montras de
lojas comerciais do centro histórico).
Os
encontros de Desenho reforçam o sentimento de coesão da comunidade de artistas
locais, atraem participantes com diferentes profissões e formações (médias e
superiores) e fazem crescer a sua audiência, nacional e estrangeira. Por causa
da COVID-19, suspendeu os ditos encontros. Todavia, organiza caminhadas para
desenhar o património rural.
Cria desdobráveis (para encontros de um dia) por
serem de mais fácil exposição e envio por correio.
Desde
2009, integra a comunidade Urban Sketchers (nacional e internacional).
Realização
Eva Ventura Ângelo, José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Texto
Carlos Augusto Ribeiro
Legendagem
Laura del Rio
Produção
Memória Imaterial CRL
Torres Vedras 2021/2022
desenhos: André Baptista