CASTELO

INVEROSIMILLIS ou a improvável história do lugar

CASTELO

Estamos à porta do castelo de Torres Vedras. A sua história perde-se na memória, assim como a origem do nome da cidade: Turres Veteras... Torres Velhas, um nome que tem, aparentemente, uma história simples, uma etimologia linear, o que não podia estar mais longe da verdade.   E a propósito disto, é preciso que lhe diga, já que não estamos aqui, frente a frente, olhos nos olhos, que nem tudo o que lhe vou contar é verdade… sou capaz de inventar um pouco. Não mais do que aqueles que têm dissertado sobre o nome da cidade, prometo. Ainda assim, e apesar de insólito, muito do que lhe vou contar aconteceu realmente. Ser-lhe-á apenas difícil distinguir uma coisa da outra, o real do fictício. De qualquer forma, estou seguro (e você, se conhece Torres Vedras, estará também) que tudo o que lhe vou contar poderia realmente ter acontecido.
A porta do castelo, no meio de uma robusta torre com ameias, é um arco gótico sobre o qual paira o escudo de D. Manuel, ladeado por duas esferas armilares, encimadas por cruzes da Ordem de Cristo, símbolos que se associaram ao longo dos tempos aos descobrimentos marítimos, essa grande epopéia portuguesa que teve início, justamente, aqui em Torres Vedras. Ali ao fundo da rua que desce do castelo está uma casa que à primeira vista nada tem de especial. É a Casa de Ceuta. Foi ali que D. João I se reuniu em conselho régio, nos últimos dias de julho de 1414, com os mais ilustres senhores e fidalgos do reino: entre outros, D. Afonso de Portugal, Nuno Álvares Pereira, os mestres das ordens de Cristo, de Santiago e do Hospital, e, claro, os infantes Duarte, Henrique e Pedro. As mulheres, aparentemente, não participavam no conselho régio, ou o cronista não achou pertinente referi-las… venha o Diabo e escolha. Resumindo: a casa estava heterogeneamente apinhada. Tiveram que improvisar bancos e alguns ficaram de fora, bebericando o bom vinho local, a espreitar para dentro pelas janelas… chamaram músicos, assaram sardinhas: afinal, era Verão...

Praça 25 de Abril

Largo de S.Pedro

Largo do Município

Chafariz dos Canos

Castelo

Praça da Batata

Ficha técnica

Texto e performance: Luís Correia Carmelo.
Tradução: Sofia Maúl
Música e ambientes sonoros: Miguel Neto.
Instalação plástica pop-up: Carlos Augusto Ribeiro
Coordenação e web: José Barbieri
Multimédia: Rafael Del Rio
Produção: Memória Imaterial CRL
Projeto: LU.GAR.TERRITÓRIOS CULTURAIS

Público-alvo: todas as idades.