Bruno Vieira

... qualquer desenho é uma interpretação pessoal que nós temos do local e a forma como damos a entender essa volumetria também é uma interpretação nossa. Porque as sombras podem não estar exatamente naquela posição, mas se nós acharmos que são essenciais para se perceber o objeto, às vezes evidenciamos mais essas sombras que fazem sentido, porque há alturas em que faz sentido é registar exatamente como lá está, porque são aquelas sombras que têm piada ...
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Arquiteto com licenciatura em Planeamento Territorial. O desenho por computador fá-lo suspender, durante a licenciatura, a anterior prática de desenho à mão livre, na rua. Retoma essa prática, em 2014, com os Encontros de Desenho, organizados por André Batista, vindo a evoluir com a crescente partilha de experiências e técnicas com artistas e pessoas formadas em diversas áreas. Prefere desenhar a paisagem natural, mais do que a paisagem urbana. Considera o desenho como uma interpretação pessoal dos locais, em cujos traços se conjuga a transposição do que é visto com a ilimitada gama de vestígios pessoais (estados de espírito, intenções e disposições).
Em constante desafio, varia técnicas, materiais, formatos e executa registos com temporalidades híbridas (sobrepondo ou justapondo tempos diferentes no mesmo desenho). Quando não acaba os desenhos no local, deixa-os incompletos ou termina-os em casa (colorindo ou adicionando, depois, alguns retoques finais). Quando desenha, escolhe as sombras que fazem sentido (por vezes, usando a fotografia como auxiliar de memória na construção das sombras); inclui ou suprime elementos da cena desenhada (pessoas, carros, postes, e etc.); tem atenção ao enquadramento, proporção e paleta cromática (visando uma harmonia de cores); respeita linhas de orientação, examinando o conjunto do relevo e da vegetação, atendendo à «geometria da biologia» de uma paisagem não-urbana; abre-se às potencialidades associadas a um dado material, ao formato de folha e escalonamento dos planos de profundidade. Esporadicamente, vende reproduções digitais de originais (recortando desenhos inscritos no caderno / diário gráfico) ou desenhos, em resposta a encomendas.
Membro do coletivo Urban Sketchers Portugal (desde 2014-2015), organiza encontros promovidos por Oeste Sketchers e é formador em oficinas de Desenho.

Realização
Eva Ventura Ângelo, José Barbieri
Entrevista
José Barbieri
Texto
Carlos Augusto Ribeiro
Legendagem
Laura del Rio
Produção
Memória Imaterial CRL
Torres Vedras 2021/2022

outros olhares sobre a paisagem

desenhos: Bruno Vieira

Os lugares revisitados pelos olhos dos pintores e desenhadores paisagistas.
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