Ver atentamente a superfície de uma pintura (imagem estática) é o meio de se aceder ao processo da sua construção. Ao tempo da sua construção. A pintura mostra-nos o tempo congelado, fossilizado, fixo. Precisamente, o tempo da sua construção por meio de marcas (traços e pinceladas). Traços e vestígios mediante os quais a tinta é depositada na superfície do suporte. O sentido geral do quadro é apreendido imediatamente. Tudo está claramente exposto perante nós. Antes de ser uma paisagem para ser admirada de uma certa distância, a superfície da pintura é, em certa medida, uma paisagem.
Enquadramento, tonalidade (degradé), simetria, tabulação são exercícios de uma visão que transforma em quadro o estado caótico do universo (Debray, 1992: 204).