Apresenta-se como uma série de entrevistas a contadores de histórias conduzidas por Luís Correia Carmelo, investigador do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição da NOVA FCSH e, também, narrador. Começa com três entrevistas a três performers portugueses incontornáveis: Ana Sofia Paiva, António Fontinha e José Craveiro.Esta série, iniciada em 2018, irá continuar em 2019. Para além das entrevistas efectuadas em Alenquer no âmbito deste LU.GAR, incorporamos outros testemunhos gravados pela mesma equipa noutras iniciativas e lugares, como é o caso da entrevista ao investigador Paulo Correia do Centro de Estudos Ataíde Oliveira, UA, gravada em Beja no ambito das Palavras Andarilhas 2018.
A arte da narrativa oral entrelaça-se com a literatura e o registo escrito. Ao longo da história europeia podemos reconhecer vários exemplos de contaminações, inspirações e recriações que viajam do romance para o folheto de cordel e deste para a narração oral, enquanto transpõem fronteiras geográficas e temporais. Também assistimos a novas criações literárias que se inspiram na tradição oral. Os narradores convidados por este LU.GAR, baseiam grande parte do seu reportório nos registos de contos, lendas, e outras manifestações da tradição oral. Constroem performances e forjam estilos a partir deste caldeirão criativo. São actores-dramaturgos-criadores que estão a transformar o ato teatral e a relação deste com o público em cada espectáculo que apresentam.
As sessões de narração oral reconduzem o acto teatral para um despojamento cénico deliberado. São os corpos em gestos, olhares, silêncios e o poder da palavra a tecer teias dramáticas. São um outro teatro pobre que ilumina imaginações na era da submersão multimédia. Os novos narradores são como demiurgos moldando um espaço já nomeado e um corpus pré-existente em cada espectador. Transformam-se em dramaturgos e, dispensando o aparato teatral que se tornou tradicional (toda a cadeia de dependências cénicas que vão da encenação à cenografia) apresentam-se como criadores que interpelam a história de um lugar e a história pessoal de cada espectador, inscrevendo uma nova narrativa performativa, criando uma nova vivência memorável. Quais os recursos que utilizam? Como criam as suas narrativas? Como constroem a sua relação com o público?
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