Teresa Lopes

Terreirinho - reprodução digital

Júlio Carmo

Terreirinho - reprodução digital

António Guapo

Terreirinho - reprodução digital

Video realizado para a instalação LU.GAR.PAISAGEM, onde se revela a passagem da luz desde o amanhecer, durante 8 horas, por Eva  Ventura Ângelo

Paisagem de Carmo Santos no local onde a pintou. Foto Memoria Imaterial.

O tempo e a luz

Lado a lado, contrastantes, a imagem pictórica de uma cena de Alenquer e a imagem videográfica da mesma cena. Uma mesma paisagem em ambos os meios visuais. A partir do mesmo ponto de vista e de um mesmo enquadramento, o lugar é re-apresentado, mas devolvido a (ou inserido em) o tempo. De dois modos. Primeiro: as mudanças de luz e as outras condições (som , ambiente e meteorologia) manifestam a passagem do tempo. As quais, por sua vez, influem sobre a percepção (a vista) do próprio lugar (transformado em paisagem). Segundo: ao tempo implícito da imagem pictórica – em relação ao qual o espectador é livre de dispor o tempo que entender – sucede um tempo mais coercivo, o tempo de projecção. 


Imagem estática (pintura e fotografia) / imagem animada (vídeo). Imagens que incluem (ou não) a duração. As que são idênticas a si mesmas (ou cujas modificações são insensíveis para o espectador) e as que se alteram com o decurso do tempo sem a intervenção do espectador. Ver atentamente a superfície de uma pintura (imagem estática) é o meio de se aceder ao processo da sua construção. Ao tempo da sua construção. A pintura mostra-nos o tempo congelado, fossilizado, fixo. Precisamente, o tempo da sua construção por meio de marcas (traços e pinceladas). Traços e vestígios mediante os quais a tinta é depositada na superfície do suporte. O sentido geral do quadro é apreendido imediatamente. Tudo está claramente exposto perante nós. Antes de ser uma paisagem para ser admirada de uma certa distância, a superfície da pintura é, em certa medida, uma paisagem.