Acerca de LU.GAR.DESENHO

LU.GAR.DESENHO consiste em sessões de desenho ao ar livre. As propostas apresentadas aos participantes destas sessões foram concebidas de modo a construir um percurso coerente e – sobretudo, para aqueles participantes que se inscreveram nos dois anos – de gradual complexidade.
O público (sem restrição de idade) é convidado a ver, sentir e desenhar o lugar. O processo é desencadeado a partir de uma prévia deambulação do participante pelo sítio designado para cada sessão de desenho – seja quando é recomendada uma observação mais demorada de um aspecto do ambiente, seja quando está em causa a recolha de pequenas coisas (objectos simples ou amostras de qualidades) do sítio. Pequenas coisas que são também os veículos da memória do lugar.
Cada participante é convidado a reconhecer o lugar – a conectar-se com as suas qualidades próprias – através do desenho. Por intermédio de uma assumida simplicidade de gestos (manchar e contornar; recortar e colar) e de uma simplicidade de técnicas adoptadas, cada participante toma consciência da importância dos factores modificadores na percepção de texturas e superfícies – tais como: contraste, escala, distância e luminosidade. Além disso: a escala relativa do desenho e a escala da textura. O princípio estruturante dos exercícios sugeridos para as sessões é a valorização do contacto (e não a da produção de uma semelhança ou de uma cópia). É valorizada a exploração da pele das coisas, inclusive através de um desenhar com o tacto ou de um desenhar a partir do tacto. O tempo longo de observação é valorizado em relação com a velocidade do registo linear.
A folha de papel é encarada enquanto, ora lugar de inscrição de marcas inventadas para traduzir as sensações tácteis ou para criação de uma metáfora espacial e textural da paisagem (i.e. tal como imagina ser vista, percebida e sentida por um dado animal), ora matéria de uma série de manipulações (visando as qualidades da superfície do suporte e a sua relação com texturas visuais ou tácteis criadas).