O julgamento do bacalhau

Nas entrevistas a praticantes de teatro em Alenquer surgiram as memórias deste evento que se realizava no fim da páscoa, no domingo de aleluia e que mobilizava a cidade.
Era precedido por um desfile de carros alegóricos que incluía o carro do tribunal, o carro do trono da Páscoa e da Quaresma. Acusava-se o Bacalhau pelos rigores da quaresma numa paródia de julgamento com juiz, advogados e numerosas personagens alegóricas, como a batata e o azeite. Terminava com a condenação do acusado, depois de se mencionar jocosamente habitantes e acontecimentos recentes da vila.

"Havia as testemunhas de defesa e as testemunhas de acusação. As testemunhas de defesa eram o Vinagre, o Azeite, as Batatas. Todos eles, amigos do Bacalhau. E depois havia as testemunhas de acusação. Que eram, portanto... sei lá... Vamos chamar, as forças do poder. E depois, no meio de isto tudo, havia o Juí­z, os advogados de defesa, os advogados de acusação...

Tinha uma carpintaria assim. E, depois, o... o Bacalhau era julgado no fim. E era condenado. E era, quase sempre, era morto. Isto chamava-se precisamente o Julgamento do Bacalhau porque as pessoas estavam fartas de comer bacalhau, de comer peixe durante... acho que a Quaresma são quanto? Quarenta dias, não é? Acho que é isso."

Álvaro Gomes, Alenquer

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José Lourenço (JL), Álvaro Gomes (AG) e Virgílio Morais (VM)

Julgamento do Bacalhau - Transcrição