2018
Quando iniciámos o trabalho de registo de memórias dos habitantes de Alenquer sobre a sua comunidade, os temas “água” e “rio” destacaram-se pelo que decidimos que ambas as exposições de 2018 os usariam como estímulo
central de criação. Por outro lado, os temas “gestão da água” e “aquecimento global” são de urgência imediata.
Enquanto criadores e produtores culturais defendemos a confluência entre memória, consciência ecológica
e arte. Enquanto artistas, investigamos e criamos a partir das dimensões social, científica, política, ecológica e filosófica da nossa era, já caraterizada como Antropoceno.
As instalações #1 e #2 refletem as nossas
opções de trabalho fundindo a memória viva dos habitantes da vila com as preocupações do nosso tempo, concretizadas em instalações que usam escultura, pintura, multimédia e teatro.
2019
O teatro foi o tema da instalação #3. Mais uma vez fomos surpreendidos pela diversidade de memórias dos habitantes em redor desta prática performativa que, pelo menos nos últimos 100 anos foi exclusivamente amadora,
levada por diversas estruturas e oscilando entre o teatro popular, a revista e a representação de textos contemporâneos. O teatro mantem-se como parte inalienável da matriz cultural ocidental e tentámos contextualizar
a atividade teatral dos habitantes com o que sabemos da diversidade da prática teatral contemporânea. Somos todos sobreviventes. Sob os nossos pés a terra é feita de vozes e ossos de incontáveis vagas humanas. Aos mortos
devemos o que temos e o que somos hoje. Por isso este coletivo realizou a instalação #4 procurando quebrar o silêncio dos vencidos com vozes - reais, fictícias e ficcionadas - utilizando a pintura, quase panfletária,
intervenções multiplataforma e performances.