Sonho que estou a lavar no rio [Maria Florinda Ventura Graça]
José Lourenço: À procura das memórias que esta vila guarda da água, estamos aqui ao pé da Torre da Couraça que, segundo estudiosos mais antigos, foi construída para servir de proteção a uma nascente que ficava na sua base. Já não conheci essa nascente mas dizem que sim, dizem que aí existiu uma nascente e que a torre teria sido construída para que os homens que estavam no castelo amuralhado, sob cerco, pudessem vir buscar água porque lá em cima não havia.
No castelo não havia, portanto, havia umas cisternas que guardavam a água da chuva, mas efetivamente aqui situava-se uma nascente onde os militares que estavam no castelo sitiado podiam vir buscar água. Esta torre da Couraça, portanto, é uma das construções mais antigas aqui da Vila de Alenquer. Aventa-se outras hipóteses para a sua construção, embora talvez a mais consistente seja essa de servir de proteção a uma das principais nascentes da Vila. Aquela que dizem mesmo que era desta nascente que a Vila bebia. Mas também poderia ter sido uma defesa para uma passagem importante do rio, à época, que era aqui assim esta ponte. Também poderia ser uma construção que servisse de apoio aqui à zona portuária. E estamos falar portuária, isto pode parecer um bocado estranho, mas estamos a falar em tempos já remotos, nos primeiros anos da nacionalidade quando o rio ainda era navegável e, conforme se pode ler na primeira carta de foral da Vila dada pela Rainha D. Sancha, em 1212, portanto, havia muitas cargas que entravam para a Vila vindas por água, não é? Como diz o próprio, há cargas vindas por água. Cargas de peixe, cargas de madeira, enfim, dos mais variados produtos que eram consumidos no interior da Vila.
José Lourenço: O rio foi sempre pobre em águas. É um rio perigoso, um rio… Ainda nos escritos mais antigos vê-se que de facto ele, de Verão, tinha muito pouca água e que, de Inverno, era um rio muito alteroso, porque a sua rede hidrográfica é de baixa hierarquia, como eles dizem, portanto, tudo o que cai rapidamente chega ao rio principal que é o rio de Alenquer. Em escritos mais antigos, só lhe dão dignidade de rio a partir daqui. E porquê? Porque aqui é que ele recebia as águas das nascentes. Exatamente porque as nascentes do rio garantiam um caudal constante ao longo de todo o ano, fixaram-se aqui indústrias do papel.
Na Idade Média era aqui na zona das Águas que se situavam as saboarias. É engraçado que as saboarias normalmente ficavam a sul do Tejo. Alenquer é das poucas vilas referenciadas como tendo importantes saboarias ao tempo da Idade Média, o que faz supor que seria um concelho muito rico em Olivais, porque a matéria-prima utilizada para sabão naquela altura era principalmente o azeite e era aqui precisamente nas águas que se situavam essas saboarias.
Maria Garcês: Fazia sabão com gordura dos bois! O meu tio, marido dessa minha tia era ...(?) e, então, aproveitava certas gorduras que ele via … e depois ferviam aquilo tudo, depois punham lá umas coisas quaisquer, faziam sabão! E a gente com aquele sabão lavava a roupa, que ficava branquinho, branquinho. É verdade!
José Barbieri: e com cinza, não era? E com cinza? Não era só gordura, era cinza misturada….
Maria Garcês: Pois, era várias misturas que a minha mãe fazia, que eu era pequena, mas lembra-me… a gente éramos oitos pessoas em casa, a minha mãe tinha seis filhos… está a ver?!
José Lourenço: Quando esse moinho começou a funcionar, as águas ficaram turvas, a população da Vila ficou muito assustada. Isto consta de uma carta que está no arquivo histórico, uma carta da vereação à câmara, à sua Rainha. Alenquer pertenceu, pertenceu sempre à casa das Rainhas. Neste tempo, a sua donatária era a rainha D. Catarina, a rainha viúva de D. João III e, eles dirigem-se à rainha pedindo-lhe que lhes acuda, porque ao verem as águas do rio estão turvas, era como se tivessem a ver a morte ao pé das portas. E, portanto, eu disse com alguma piada que uma vez lá um professor meu, lá na Faculdade de Letras, que este talvez tivesse sido o primeiro evento ecologista, de uma população que se levanta contra a poluição, não é? Isto ainda no século XVI, quando a população de Alenquer viu o seu rio, o seu querido rio, com as águas tão turvas que era como se tivessem a morte ao pé da porta. E houve realmente um grande levantamento da população e pediram à rainha que lhes acudisse e que obviasse isso. Mas, o que é certo é, que o rio funcionou.
Esta gente, aqui, do Areal… há uma entrada aqui no sopé da torre que, dizem, vinham para aqui jogar à batota, não é? Não havia lá água dentro já mas servia de refúgio para jogarem à batota ali na base da torre.
Maria Matias: Eu vinha dos Cabeços de Alenquer, lavar para Alenquer. Ainda vim lavar de joelhos com uma joelheira, lavar para o rio! Era no rio. E, depois, foi os tanques feitos e eu vinha dos Cabeços com uma saca de roupa à cabeça, com o meu filho mais velho atrás de mim com um baldinho, com o sabão e com as coisas. E depois, para Alenquer, temos que estar ali, temos que lavar até às cinco horas para pôr a roupa dentro das sacas, para apanhar uma carreira que ia novamente para os Cabeços, que só passava às cinco horas, que era só o que a gente tinha, o resto era tudo a pé! Tudo a pé!
Olinda Vieira: Nós lavávamos neste rio! Mas era mais abaixo, era entre Vila Nova e Alenquer… éramos mais perto de lá, era lá que íamos lavar. Eu tinha cinco, seis anos já ia mais a minha mãe e as outras pessoas iam para o trabalho. Umas ficavam em casa, outras levavam os filhos.
Maria Matias: E eu vinha duas vezes ou três na semana, lá dos Cabeços, mais o meu filho que era o mais velho, coitadinho, mas ainda era pequeno. Trazia um lanchinho para ele, para mim, às vezes nem trazia nada, porque não tinha nada. E, ele, coitadinho, lá trazia o baldinho com o sabão e com as coisas lá dentro… sabão azul e branco! Que havia.
Maria Garcês: Eu ia lavar para o rio, o tempo todo, quase todos os dias!... A minha mãe tinha roupa, então, a gente éramos oito pessoas!
Maria Graça: Eu conheci esses lavadouros, ali, assim, nas águas… A gente lavava de joelhos e hoje tenho saudades de fazer isso!
Maria Matias: Com pedras, era comprido, com pedras, e a gente com umas joelheiras e lavava-se... e a roupa assim a bater na água. Era muito bom!
Maria Graça: Sonho! Que estou a lavar no rio! E tinha um desejo. Olha, se me dissessem assim “vá ali para aquele rio lavar de joelhos, não tem lugar para a gente se ajoelhar, mas eu adorava de ir… Para mim, era como estar aqui na vossa companhia ou outra festa qualquer.
Maria Garcês: Eu ia com um alguidar muito grande de barro, muito pesado para as águas. Lavar e sei lá o que é que eu fazia… pronto, fazia tudo…
Maria Matias: Agora fizeram os lavadouros ali, aqueles que estão lá… que eu continuei a vir dos Cabeços com a saca à cabeça para vir ali lavar.
Maria Graça: Não tinha electricidade. Vivíamos num sítio que não tinha electricidade, nem se sabia o que eram máquinas de lavar, não é? E depois íamos com a roupa para o rio. Por exemplo, então, quando eu morava na Pedra D’Ouro e que havia água no inverno, no inverno não vínhamos para as Águas. No Verão é que vínhamos porque o rio de lá secava…. Aquilo é um rio mais estreitinho, é um rio mais pequeno, não era como este…. Secava! E nós não tínhamos onde lavar a roupa… pois faziam assim uma coisa, uma presa que levava um pego e depois lavava tudo ali dentro, daquela, daquele buraco! Ali assim… punham pedras á volta e a gente lavava ali, mas isto, uma população a lavar dentro daquilo… era, chegava a um certo ponto e… Íamos de madrugada, íamos de madrugada para o rio para apanhar a água mais clarinha e então nessa altura, o que é que a minha mãe fazia e a irmã? Vinham para as águas!... Tinham um burro e vinham para as águas, lavar…. Para não lavar ali dentro daquele charco.
Álvaro Gomes: Então, as pessoas daqui do Alto do Concelho - Canados, Carregado - e não sei quanto, as senhoras vinham à segunda-feira com o burro carregado de roupa e lavavam ali, portanto, e depois carregavam com a roupinha e levavam para casa. Estes meninos da escola, o que é que eles se lembravam de fazer? Íamos roubar o burro às senhoras. Putos com seis, sete, seis, sete anos. Mas depois aquilo era muito complicado como é que se montava o burro. E ainda hoje… aliás, é giro que na segunda-feira estava a contar isto a alguém… onde era, portanto, a moagem, que ficava ali em frente. Havia um sítio, em que era uma rampa, é que eles punham as sacas e as sacas que deslizavam por aí abaixo. E, então, qual era a solução que nós tínhamos? Subíamos pelas escadas, portanto, isto depois de ter roubado o burro. Roubado entre aspas. Encostávamos o burro àquela história, três ou quatro seguravam o burro e o tipo subia e vinha a escorregar por aquela história abaixo e montava o burro. Isto era até que a dona do burro não desse por isso. Porque depois havia uma série de vardascadas, a senhora a correr atrás de nós devia ser uma coisa, uma coisa muito gira.
Maria Graça: Vinha com a minha mãe. Vinha com a minha mãe, vinha sim. Era com o burro e depois punham uma saca de cada lado. Também comecei de pequenina.
Álvaro Gomes: É onde é hoje a casa mortuária, portanto nas Águas, junto à ponte… junto à ponte.
Ah, eu penso que a parte de trás ainda está com tanques, aquilo eram tanques…
José Lourenço: Estes lavadouros, não posso precisar o ano, mas são dos anos 50. E foram construídos para substituir os outros ao ar livre que se situavam ali do outro lado do rio, na Alameda das Águas. Compunham-se de casa para o guarda dos lavadouros, que aqui viveu nestas instalações, e depois, era este pavilhão dos tanques, onde as mulheres lavavam a roupa. Havia mulheres da Vila que vinham aqui lavar mas também, principalmente, quem vinha aqui lavar era, portanto, as mulheres destes casais que se situavam aqui à volta, desde os Albarrois, dos Cabeços e vinham de burro. De maneira que, enquanto elas estavam a lavar, os burros ficavam aqui descansadinhos da vida. Às vezes, nós, malandragem, rapazes pequenos, fazíamos aqui os nossos rodeos. Aproveitávamos elas estarem distraídas a lavar e púnhamo-nos em cima dos burros e espicaçávamo-los para ver quem se aguentava lá em cima. Coitados, passavam também os seus tormentos, não é? Mas era de burro que vinham lavar, ainda me recordo perfeitamente, que vinham lavar a roupa aqui aos Lavadouros, primeiro ali aos lavadouros, junto ao rio e depois aqui nestes já mais modernos, já com mais condições, já cobertos. Hoje, este edifício que corresponde aos antigos tanques está devoluto e está-se a degradar, é uma pena. Porque, entretanto, correspondendo a uma grande necessidade da Vila, a parte da frente do edifício foi transformada em casa mortuária. Portanto, mas deixou todo este pavilhão dos tanques devoluto e degradando-se, não é? Portanto, sobre os Lavadouros é isso principalmente que temos a recordar. Durante todo esse tempo o guarda dos Lavadouros era o seu Valadares, que depois tem ali aquele restaurante ali assim, do outro lado, e era ele aqui o guarda. Portanto, toda a gente conhecia o Valadares. O Valadares era aqui uma figura como guarda aqui dos Lavadouros.
Maria Garcês: No rio que eu lavei, aqui, este em direito, aqui este em direito… isto não havia aquelas casas. Aquelas casas não existiam. Umas casas do lado de lá, mais baixinhas. E, então, morava lá uma tia. Uma irmã da minha mãe morava lá. E, então, tinha um bocado grande. Por exemplo, a casa era aqui e tinha um bocado assim grande para o rio. Mas ela tinha uma entrada para o rio assim, com um largozinho, assim na casa e a gente baixava-se para ir para o rio e lavávamos ali a roupa. Eu, às vezes quando ia para as Águas, que era mais longe, vinha a casa da minha tia e lavava e depois estendia, tinha lá um estendal, eu estendia e levava tudo enxuto. Era assim! E havia outro, ali na Barroca que chamavam, ali para cima, um sítio que também fizeram um charco, que era uma mina que havia lá para aqueles lados, havia e há! E, então, fizeram os homens de lá, os maridos das outras, eu naquela altura era solteira, não tinha marido… Faziam uns charcos, eram pedras para a gente ir lavar ali… Depois, eu vim cá para baixo que era mais longe, para a gente lavar ali! Não, isto era muito bonito, a água era muito bonita, era.
José Lourenço: Estamos aqui na Alameda das Águas, antes de serem construídos os novos lavadouros que ali vimos do outro lado do rio. Era aqui que as mulheres lavavam. Ao ar livre, com todos os inconvenientes de estarem a lavar ao ar livre. Esses tanques tinham a particularidade de serem alimentados pelas nascentes de água, não é? Portanto, eram tão copiosas as nascentes de água que eu recordo-me de, em miúdo, vê-las brotar aqui pelo chão e correrem em veios para o rio. Do outro lado do rio é o Sítio da Redonda… recordo-me que havia aqui um fundão bastante grande aqui nesta zona. Nós gostávamos muito de vir, vínhamos a nadar desde o Olho D’Água, lá de baixo, vínhamos a nadar até aqui. Estávamos aqui neste fundão, aqui, na brincadeira.
Filipe Rogeiro: Uma vez aqui no meio dos juncos, andávamos a brincar e encontrámos um ninho de melros, com melros pequeninos, é assim uma visão… porque na altura, aqueles livros da natureza ilustrados, era uma coisa exatamente igual, que nós próprios tínhamos conseguido descobrir e aquilo era uma coisa especial.
José Lourenço: Havia atividades ligadas ao rio, não é? Como atividades lúdicas, dígamos. Como era o caso da pesca, não é? Assim, o rio foi sempre muito rico em barbos, eles sobem, vêem do Tejo e sobem o rio para a desova e depois ficam por aí os juvenis. E, então portanto, havia sempre gente a pescar no rio, não é? Eu também aí tentei, mas confesso que sempre mal sucedido, sempre mal sucedido. E também havia, quer dizer, também junto ao rio, exatamente porque a passarada vinha beber ao rio, havia também muito quem escolhesse esses locais onde os pássaros vinham para pôr redes para apanhar pássaros, para depois os fritarem e os comerem, não é? Portanto, essa era uma atividade também lúdica ligada ao rio porque o bebedouro dos pássaros era o rio e eles montavam ali as suas redes. Recordo-me perfeitamente! Mas, apanhava-se peixe a sério. Eu recordo-me de estar na Cruz de Bufo e andarem lá uma malta que eu não conhecia, gente adulta, a apanharem. Puseram redes junto à margem depois batiam as locas do peixe e apanharam, que eu vi ali naquela, naquela pescaria, apanharam sacas, sacas de peixe!... Que levavam para comer, não é? Naquele tempo, não…. Portanto, estamos a falar dos anos 50, princípios dos anos 60, portanto, não havia grandes farturas! Aproveitava-se aquilo que se conseguia apanhar e umas das coisas que se apanhava bastante era o peixe do rio. Esta gente aqui do Areal, vinha muito aqui ao rio à pesca. Principalmente, as enguias! Que é a pesca do remelhão, não é? Havia aqui autênticos especialistas na pesca à enguia. Quando as águas do rio ficavam barrentas, não é? A riqueza de enguias era imensa, não é? E eles faziam um bolhão com minhocas que lançavam ao rio, quando elas picavam e vinham agarradas e depois tinham um chapéu-de-chuva aos pés e caiam dentro do chapéu de chuva, que a enguia é muito, muito fugidia, não é? E, então, faziam assim belas pescarias de enguias porque o rio era muito farto em enguias... Hoje não tenho essa ideia, embora continue a haver peixe, mas não tenho ideia que seja assim tão farta em enguias quanto isso… portanto, era também uma espécie que habitava aqui o nosso rio em grande quantidade, não é? Eram principalmente os barbos e as enguias. Embora também andassem aí bogas, também havia bogas, cardumes de bogas. Mas a boga é mais exigente em termos da qualidade da água e depois deixou de entrar.
Isto, a estrutura pode ter uma história. Uma história negativa, não é? Uma história negativa. Aqui situavam-se furos da EPAL. Aqui nesta zona. E houve uma altura que havia tantas pecuárias no nosso Concelho que isto chegou a ser um esgoto a céu aberto. Portanto a porcaria das pecuárias vinha toda para o rio. De tal modo que estava a contaminar os furos da EPAL. E, então, o estratagema que eles utilizaram foi cimentar o rio nesta zona para que não houvesse infiltrações para os furos deles, deixando ao meio um pequeno regueiro, que era o suficiente para as águas de verão correrem. Está a ver aquele regueiro que se vê ali? Era suficiente para as águas de Verão correrem. E foi exatamente para combater essa poluição que vinha de cima, das pecuárias, porcaria, porcaria dos porcos que já estava a contaminar aqui as nascentes da EPAL, os furos da EPAL que cimentaram, portanto. Isto foi obra da EPAL. Cimentaram o rio. No meu tempo não havia isto. No meu tempo de veraneante do rio, não havia esta estrutura de cimento aqui dentro do rio.
No meu tempo não havia isto, no meu tempo de veraneante de rio, ali não havia, portanto, esta estrutura de cimento aqui dentro do rio.
Filipe Rogeiro: Este é o sítio de atração e fixação da própria Vila. Há uma teoria que tem sido um bocadinho… Uma interpretação que tem sido um bocadinho marginalizada sobre o topónimo de Alenquer que é o Aullium Cárium ou seja, o juncal. E nunca lhe deram muita importância. Têm dado mais importância a versões mais lendárias, dígamos assim, nomeadamente aquela que é veiculada por Damião de Góis e, por aí fora… Eu, a partir do momento em que… aquilo fez-me todo o sentido porque me lembrava disto em miúdo, e dos juncos e da água a borbulhar e acho que isto era um sítio tão propício à vida que ninguém podia passar por aqui… Na altura em que se começaram a fixar, passar por aqui e não dar importância a este sítio, não é? E, portanto, depois as teorias sobre a ocupação - a primeira ocupação, se é um povoado de encosta, se é um castro lá em cima no castelo, isso aí já é difícil, a arqueologia poderá vir um dia a dizer qualquer coisa -, mas eu acho que, quer o topónimo quer o factor de atração dos habitantes, dos primeiros habitantes de Alenquer, está aqui neste sítio. Não tenho grande dúvida disso.
José Lourenço: A convivência com a água, isso é muito importante. A água é fonte de vida.
Filipe Rogeiro: “E o próprio rio é um canal de comunicação, portanto, é uma estrada.
José Lourenço: A vila, a Vila muralhada situava-se lá em cima, não é?
Filipe Rogeiro: Sim, mas isso por razões também estratégicas… de defesa.
José Lourenço: De defesa, não é? Mas estava muito ligada aqui a este local que era o local das nascentes, por eleição, era aqui…
Filipe Rogeiro: O que é certo é que, não havendo água nascente na Vila alta, em toda a Vila alta, é por isso que nos surge aqui a Torre da Couraça, dígamos, a proteger uma fonte com um acesso logo direto a uma das portas de entrada e saída da Vila, quer dizer, isto não é por acaso, não é?
José Lourenço: pois, pois….