No último degrau um tabuleiro gravado na pedra impele-nos a lançar a sorte.
Há vários tabuleiros de jogo gravados nos degraus das escadas. Um deles não
terminado, e os restantes diferentes entre si. E pergunta-se o ouvinte, qual a
razão de estarem gravados nos degraus precisamente tabuleiros de jogo? Resposta
bem simples esta, pois os jogos foram, ao longo de todos os tempos e
transversalmente em todas as culturas, a forma mais óbvia, interessante e fácil
de passar o tempo. Jogadas pensadas, estratégias delineadas, pensamento
matemático, até, ou, simplesmente, jogos de sorte e azar. Desconhecemos quando
tais exemplares foram cinzelados na pedra. Em data posterior a 1711, isso é
certo, pois antes disso não havia igreja. Conseguimos imaginar mulheres
desfilando em direção à entrada, a cabeça tapada com lenço ou mantilha curta de
renda preta e os rapazolas, maiores ou mais pequenos, a lançar as peças nos
tabuleiros improvisados nos degraus. Tantas e tantas partidas aqui se jogaram,
risos encobertos para se não ouvirem no meio das rezas das mulheres.
Arranjem-se peças de jogo improvisadas, 12 para cada jogador, permitindo o
tabuleiro em questão apenas dois, e inicie-se a partida colocando as peças nos
cruzamentos das linhas do tabuleiro. As peças seguem os traços e são livres,
como no jogo das damas, para andar de um lado para o outro e “comer” as peças
do adversário. A este jogo dá-se a designação de alquerque, nome árabe que
ficou imortalizado no Livro que um Rei, de cognome O Sábio, escreveu em 1283 —
era ele Afonso X e vivia em Castela, hoje em solo espanhol, e foi o avô materno
do Rei D. Dinis de Portugal.