OVÍDIO, FASTOS, SÉC. VIII D.C.VERSÃO LIVRE A PARTIR DA TRADUÇÃO DE ANTÓNIO FELICIANO CASTILHO
Deitado sobre a terra,
em cruz, levanto
o rosto
Ao céu e às tuas mãos ferozes e esmoleres.
Mata-me! Abençoarei teu coração,
composto,
Ó mãe, dos corações
de todas as mulheres!
Tu, que me dás amor e dor, gosto e desgosto,
Glória e vergonha, tu, que me afagas e feres,
Aniquila-me! E doura e embala o meu sol posto,
Fonte! berço! mistério! Ísis! Pandora! Ceres!
Que eu morra assim feliz, tudo de ti querendo:
Mal e bem, desespero e ideal, veneno e pomo,
Pecados e perdões, beijos puros e impuros!
E os
astros sobre mim caiam de ti,
chovendo,
Como os teus crimes, como as tuas bênçãos,
Como a doçura
e o travor de teus cachos maduros!
OLAVOBILAC, ORAÇÃO A CIBELE, “TARDE” (1919) Música de Marco Oliveira