(…)
Calção e meia, a pedirem cinco reizinhos e fingindo
espetar as pessoas que não contribuíam com o óbolo pedido. Havia ruas quase intransitáveis. De resto, os editais
proibindo os folguedos carnavalescos já vêm de longe.
Em 1817,
o intendente-geral da Polícia proibia-os, mas, assim mesmo,
quarenta pessoas
foram presas nos três dias, por abuso de autoridade. (…)
Dos bailes particulares, alguns deixaram fama, em especial os realizados pelos Condes de Penafiel no seu luxuoso palácio
da Rua de S. Mamede
ao Caldas.
No baile efectuado no Carnaval de 1865 estiveram
mil e quinhentas pessoas. A sala principal
era forrada de seda branca e os reposteiros, de seda azul. A sala da ceia estava forrada de cassa branca em cortinados, suspensos
por cordões escarlates presos por coroas
de camélias. 2.560 dessas lindas
flores
sem
cheiro. Para a ornamentação total, vieram do Porto 16.000 camélias que importaram em 600.000 réis! Calcule-se, portanto, a magnificência desta festa, abrilhantada por duas esplêndidas orquestras.
Já que estamos a relembrar
de entrudos aristocráticos, temos de falar duma célebre festa efectuado
pelo perdulário (…)
(…)
dançou-se animadamente até ao nascer. Nessa noite de Entrudo, a Condessa, que fazia as honras da casa, ostentava um delicioso vestido de renda a deux volants por cima de outro, de cetim cereja, e um penteado ornado de penas e brilhantes preciosos. O Conde mandou, em sinal de regozijo pela presença da Rainha, distribuir dois contos pelos pobres,
quantia fabulosa para a época.
Éramos três quando
passou por nós
com
o cesto das violetas.
Disse a primeira: como vai cansada,
e descalça,
coitada!
Disse a segunda:
tão suja e desgrenhada,
olhem os pés sem cor, as unhas pretas!
Eu, a terceira... eu não disse nada.
... Que lindas as violetas!
LOURENÇO RODRIGUES, BOÉMIA DE OUTROS TEMPOS, ALMANAQUE MAIO (1960)
AMOR CONCEDEU-ME UM PRÉMIO (MODINHA SÉC. XVIII)
António da Silva Leite (1759-1833) | Intéprete: Músicos do Tejo | CD Sementes
do Fado (2008)
FERNANDA DE CASTRO, RAPARIGA DAS VIOLETAS,
“EXÍLIO” (1952)
Música: Manuel Lima Brummon | Intérprete: Teresa Tarouca, Portugal Triste (1980)